Aumentam casos de violência doméstica na província do Niassa
Autoridades moçambicanas reportam aumento nos casos de violência contra crianças, meninas e mulheres. Também há homens vítimas de violência psicológica e física das esposas, mas casos não são reportados por vergonha.
Segundo escreve a DW, Pelo menos 270 casos de violência doméstica – com destaque para a violência sexual, agressões físicas e psicológicas – envolvendo crianças, meninas e mulheres, e também homens, foram reportados ao longo do ano passado na província do Niassa.
O chefe do departamento de administração e recursos humanos no Niassa, Elias Pedro, refere que os números representam um aumento de cerca de 36 casos quando comparados com igual período de 2022, em que foram reportados 234 casos.
Dos casos relacionados com a violência doméstica, 126 vítimas eram raparigas e mulheres, 97 homens e igual número crianças. O distrito de Nipepe foi o que mais registou casos do género, com um total de 60 denúncias.
Denúncias
“O aumento de casos é resultado de um trabalho que está sendo feito na comunidade [para que denunciem]”, disse, “nós trabalhamos diretamente com as autoridades comunitária e religiosa, sensibilizamos as famílias no sentido de eles denunciarem os casos, tivemos número reduzidos nos anos anteriores porque muitos casos não eram reportados”, complementou.
Elias Pedro explica ainda que, após serem reportados os casos pelas vítimas, a ação social faz a consciencialização da comunidade no sentido de não descriminar as mesmas.
“Nós temos feito a reintegração e reunificação familiar. Não temos um centro de acolhimento para colocarmos a essas vítimas, mas damos apoio psico-social e há senhoras que recebem kits para desenvolverem pequenos negócios”, disse.
“Violência é recorrente”
Filomena Sanude, da Fundação para o Desenvolvimento das Comunidades na província de Niassa, diz que na província a violência doméstica é algo recorrente.
“Poucas vezes são denunciadas essas práticas, por acharem que é normal um marido bater na sua esposa. De 2021 a 2023, falamos em torno de 78 casos de raparigas entre os seus 10 a 24 anos de idade, na questão de violência física”, explicou.
“Mas temos também a questão da violência psicológica – que também se enquadra na violência doméstica. E para a violência psicológica estamos a falar em torno de 40 casos que passaram pelas nossas mãos”, disse.
As autoridades afirmam que também há homens que têm sofrido violência psicológica e física por parte das suas esposas, mas dificilmente os casos são reportados por se sentirem envergonhados. E por receio que as comunidades os menosprezem como homens e chefes de família.
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